Foi confuso até eu entender
porque era você,
mas depois não era,
e depois era de novo.
Foi aí que eu entendi
e relutei bastante para aceitar:
a gente muda o jeito de amar.
Tem dias que o amor vira tédio.
Vira raiva.
Vira tristeza.
Vira exaustão.
Vira pão com ovo,
vira pão sem ovo.
Vira cara amarrada,
vira bico e birra.
Parece qualquer coisa,
menos amor.
Na minha opinião,
esses dias em que a gente vê embaçado
são os dias mais duros de enxergar,
ou talvez os dias mais perigosos.
Porque nesses dias o amor pode parecer qualquer coisa,
menos amor.
E se deixarmos ele ir embora,
e usarmos a nossa imensa sabedoria para interpretar
o que não tem significado,
sem ler as palavras caladas,
tomamos um caminho sem volta.
Foi aí que eu entendi
que o amor é a eterna permanência,
nos dias em que o frio é dentro,
e o olhar sonolento
desiste da ternura.