Antes era o perfeito. O completo. O repleto.
Infinito pleno, a liberdade para ser.
O conforto do abraço,
a brandura do estar,
o voar sem motivos para pousar.
A claridade, o porto seguro, o convés, e a paz.
Transtorno não poder te ver no meu tempo,
me corta a razão de ser.
O escuro, o finito, o incompleto,
a história zerada sem eu saber.
Pedir e não ter.
Rasga a noite em dois
ver que tudo se foi,
e que o sempre não vai ser,
o nunca ganha uma sala,
e quase nada para acontecer.
Desvia e me desafia,
no deslize e no delirio de esquecer,
Uma imensa quimera
que não dispara o estopim
da vontade de viver.
Fim de tudo, fim do bom.
Fico cego, fico inerte,
na marcha ré, no padecer.
E tudo desaba, apagam-se as luzes,
e fecha-se o cenário deste singelo ato,
Você vai embora, caminha para o azul,
some das minhas pupilas,
não se vira,
nem diz adeus.